Quando estamos dormindo, nosso cérebro continua trabalhando, arquivando e processando as memórias – inclusive as traumáticas. O sono pode reavivar e melhorar a recordação de acontecimentos ruins, mas, no futuro, poderá também ser possível superar medos e traumas no momento de repouso.
Pela primeira vez, neurocientistas conseguiram manipular memórias traumáticas de pessoas enquanto elas dormiam. Pesquisadores da Universidade Northwestern (EUA) utilizaram uma técnica conhecida como “terapia de exposição”, em que os pacientes revivem seus temores até que o trauma seja extinto ou reduzido. Até o momento, esse tratamento sempre tinha sido realizado por terapeutas com pacientes acordados. Porém, para muitas pessoas, este processo de superação traumática pode ser muito doloroso, principalmente quando envolve acontecimentos recentes.
Para tratar as fobias durante o sono, cientistas induziram o medo em 15 voluntários. Na primeira etapa do estudo, os participantes tiveram que observar dois rostos distintos enquanto recebiam pequenos choques elétricos. Eles também foram expostos a um odor específico ao ver cada face, de maneira que o rosto e o cheiro fossem associados ao medo de receber o choque. Os pesquisadores mediram o medo através da pequena quantidade de suor na pele dos voluntários e por meio de imagens de ressonância magnética.
Após esse condicionamento, os participantes dormiram com eletrodos colocados em suas cabeças, com os quais pesquisadores monitoravam suas ondas celebrais. Quando os voluntários entraram no sono de ondas lentas – fase em que as memórias são repetidas e reforçadas – os pesquisadores reproduziram os mesmos odores da etapa anterior, que produziam medo. Os participantes começaram a suar mais enquanto estavam expostas ao odor, mas a transpiração cessou de modo gradual.
Quando as pessoas foram novamente expostas às imagens dos rostos depois do sono, elas manifestaram respostas menores de medo. Os pesquisadores afirmam que o tratamento não apagou a memória negativa, mas criou novas associações entre o odor e o rosto, que não traziam mais tanto temor. Os voluntários que dormiram por mais tempo e receberam um tratamento mais longo apresentaram melhores resultados.

 

Fonte: POPSCI/Scientific American Brasil

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